domingo, 3 de agosto de 2014

Cacau Show



“Eu não tenho carro, não tenho teto
E se ficar comigo é porque gosta

Do meu rá rá rá rá rá rá rá lepo lepo” Psirico


Na época essa música fez tanto sentido...

Quando me lembro de Cacau, só vêm fragmentos do episódio no qual ela trajava um styling pra lá de escândalo: calça jeans cós baixo com calcinha vermelha fio dental aparecendo, e cropped rosa shocking. Climão!

Eu já não sabia mais pra onde correr, até que conheci Cacau. Ela tinha anunciado uma vaga no seu apartamento para dividir. Deslumbrada pela localização do prédio, topei na hora, sem ao menos ter visto a estante de mogno que tinha vida própria no meu futuro quarto. Era pra ser eu e mais duas no apartamento, mas quando cheguei lá, era eu e mais 4, fora as amigas das respectivas que circulavam lá o tempo todo, que chato.

A garantia do quarto dependia do pagamento adiantado do aluguel e no desespero, você paga. No dia da “mudança” Cacau não atendeu ao telefone, não respondeu SMS nem zap zap. Eu não tinha chave da portaria, nem do apartamento e o interfone não funcionava. O climão era extreme, e na porta do apê, Gigi, a segunda moradora não queria me deixar entrar, alegando que eu faria muito barulho, afinal o prédio não tinha elevador e o sindico era chato. Gigi não teve escolha e eu me mudei. Naquela noite, enquanto ajeitava as coisas, Cacau chegou com seu namorado, os dois de pileque e ela querendo socializar. Não tinha como socializar. Ela não tinha tirado cópia das chaves; a geladeira estava lotada e não cabia nem uma maçã; aquela estante de mogno no meu quarto me olhando; o apê era muito quente; todos os ralos entupidos – sim, entupidos e não existe coisa mais chata quando todos os ralos de uma casa estão entupidos e a água começa a voltar e você não consegue ficar mais de 2 minutos no banho.

No domingo, eu fiquei trancada no apartamento. Cacau saiu cedo e as outras também. Só então me dei conta da cilada. No Google achei um chaveiro 24h que poderia me salvar naquele dia ensolarado. O chaveiro era o sindico do prédio e começou a fazer inúmeras perguntas. Então, ele foi logo contando todos os podres da república do 09. Eram histórias altamente absurdas. Climão.

Na segunda-feira, às 6 da manhã patifaria na porta. Cacau com a sua chave quebrada, fazia o maior bafafá pra entrar. Sobrou pra mim. Quando abri a porta, ela estava apenas com uma blusa de moletom e sandálias na mão, querendo brigar e saber por que a porta estava trancada. Deixei-a falando sozinha e voltei pra cama; às 6 horas da manhã ninguém conversa comigo.

Bom, eu resolvi sair de lá antes que a coisa piorasse. Se eu já estava louca em apenas 3 dias, imagina em 30? Seria uma fuga perfeita se Cacau não chegasse bem na hora. Eu e João descíamos malas e malas pelas escadas e Cacau enlouquecida, querendo satisfação, fazendo ameaças diversificadas. Acredito que vale tudo pra vencer na vida, mas morar naquele apê... não era o caso.

Eu quis a grana de volta, claro, e fui atrás dela naquela fatídica semana. O barraco aconteceu e foi um show super deselegante. Ela jogou o mega hair ao vento e disse que não devolveria um centavo sequer e... beijinho no ombro. Que clima chato!  

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